terça-feira, 3 de julho de 2012

Quindim de Iaiá

Hoje apresentamos a receita daquela que é "estrela" entre as sobremesas servidas no SENAC-Pelourinho: O Quindim de Iaiá, ou simplesmente quindim. Não são poucos os clientes vão ao Restaurante-Escola só para experimentar a famosa sobremesa. É, de longe, iguaria mais procurada. Àqueles que estão em dieta, favor manter distância.


É fácil entender o porquê dessa procura. Além de ser um doce esteticamente agradável (seu amarelo chama atenção até dos que não são fãs de doces), o quindim é muito saboroso.

Em minha infância, o quindim tinha presença garantida nas festas infantis, ao lado dos cajuzinhos e beijinhos de coco... Hoje é raridade, Nem em padarias ou delicatessens, se vê mais. a preferência pelos bombons trufados e iguarias mais "requintadas" de buffets, ameaçam até o reinado do brigadeiro, que passa atualmente por um processo de reinvenção (mas isso é assunto pra outra conversa).

No bairro de Taubaté, em São Paulo, existe lojinha especializada em quindins. Seu cardápio apresenta 15 sabores.



Mas assim como o brigadeiro, o meu favorito continua sendo o tradicional.

O quindim é um doce de origem portuguesa, que em Portugal ele recebe o nome de Brisas do Lis. O doce era produzido no Convento de Santana e sua receita teria passado às mãos de devota através de uma das freiras no convento.




Esta devota era proprietária do Café Colonial (que existe até hoje), sendo o mais antigo e conhecido da cidade de Leiria. O segredo do preparo das brisas do Lis espalhou-se por docerias e pastelarias de Portugal e chegou ao Brasil.

Aqui recebe o nome de Quindim, termo de origem africana que significa encanto, dengo. Segundo Maria de Lourdes Modesto, pesquisadora sobre culinária portuguesa, os doces lusitanos quando chegaram ao Brasil incorporaram algumas das frutas locais.


Em portugal, as brisas do Lis eram feitas com amêndoas. Aqui no brasil as amêndoas deram lugar ao côco. Assim, o quindim com côco é chamado em Portugal de "quindim brasileiro". As receitas variam um pouco. Em uma delas, usa-se a calda de açucar com limão ao invés do açúcar. A versão que apresentamos aqui é uma adaptação  utilizada no SENAC-Pelourinho, baseada nos antigos cadernos de receitas da Bahia.


Receita do Quindim

Ingredientes:

- 400 gramas de coco ralado (pode-se usar côco ralado desidratado, mas nesse caso, deve-se reidratá-lo com um pouco de leite de coco);
- 500 gramas de açúcar refinado;
- 50 gramas de manteiga;
- 15 gemas;
- 5 ovos;
- 2 colheres de chá essência de baunilha;
- 2 colheres de sopa de glucose de milho.




Modo de fazer:

Em um vasilhame coloque as gemas e os ovos. Envolva até romper a película que protege as gemas.
Depois de peneirar a mistura, acrescente o açúcar, a manteiga (derretida), a glucose de milho, a essência de baunilha e o coco.
Envolva até consiguir uma mistura homogênea.
Unte forminhas (tipo as de empada) com manteiga e polvilhe com açúcar.
Leve ao forno em banho-maria por cerca de 55 minutos em temperatura de aproximadamente 180º c.




Dicas:

O segredo para conseguir um quindim com um amarelo vistoso é untar as formas com bastante manteiga e açúcar refinado. Alem de facilitar na hora de desenformar, o doce fica com um ótimo aspecto.

É possível utilizar uma forma maior ao invés das forminhas pequenas. Nesse caso o tempo de cocção aumenta um pouco (pra cerca de uma hora e meia).




Fontes:

http://www1.folha.uol.com.br/folha/livrariadafolha/760012
A comida baiana de Jorge Amado - Paloma Duarte
A cozinha africana na Bahia - Guilherme Radel
Receitas Tradicionais da cozinha baiana - Ligia Junqueira